A categoria técnico-administrativa em educação deflagrou greve em mais de 50 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). As motivações principais da greve são os mais de 53% de perdas inflacionárias no salário acumuladas ao longo dos últimos anos e a defasagem no nosso plano de carreira. Recebemos as mais baixas remunerações dentre as categorias do serviço público federal. Juntam-se a esses pontos, os recorrentes contingenciamentos de recursos no orçamento das IFES, que produzem prejuízos às condições de trabalho, ensino e funcionamento das universidades.
Nenhuma greve tem efetividade sem causar transtornos. Contudo, são contratempos comprovadamente necessários. As conquistas históricas de servidores, docentes, estudantes e das universidades como um todo sempre foram obtidas mediante movimentos de greve e mobilizações. Apesar disso, temos responsabilidade com os serviços reconhecidamente essenciais. Nesse sentido, o Comando Local de Greve (CLG) garantiu a continuidade do pagamento de bolsas, auxílios e apoio à assistência estudantil a discentes de graduação em vulnerabilidade socioeconômica, assim como a preparação de refeições do Restaurante Universitário aos estudantes da Moradia Estudantil, entre outros itens relevantes.
SINTUFF sempre apoiou a luta por assistência estudantil
Sabemos que ao segmento estudantil é sensível o fechamento do bandejão. Mas é preciso fazer um resgate histórico. O bandejão seria como é hoje, com valor simbólico, sem que houvesse mobilizações – inclusive de greve – no passado? Haveria transporte universitário, moradia estudantil, reajuste e ampliação de bolsas sem luta?
Nunca houve um item sequer da assistência estudantil que avançasse sem mobilização dos estudantes, todas essas lutas contando com apoio incondicional, permanente e estrutural do SINTUFF. Em 2005, a reitoria da época fechou o bandejão sob a alegação que precisava ajustar o preço, tornando-o mais próximo dos valores praticados no comércio. Estudantes se juntaram às categorias técnico-administrativa e docente numa greve unificada que conquistou a reabertura do Restaurante Universitário (RU), manteve até hoje o valor simbólico sem reajustes, e ainda conseguiu reajuste das bolsas e concurso público para o então recém-inaugurado campus de Rio das Ostras, ameaçado de fechamento. Da mesma forma, foi com intenso apoio do SINTUFF e da ADUFF que, em 2011, uma ocupação estudantil na Reitoria obteve como conquistas históricas o transporte entre os campi, a moradia estudantil, entre outras pautas.
O movimento sindical é um aliado recorrente das lutas dos estudantes. A não abertura do bandejão, entre outros contratempos, são necessários para que a nossa greve seja de verdade e obtenha resultados. Nossa categoria ficou sete anos com o salário congelado. O reajuste obtido em 2023 está muito longe de repor as perdas acumuladas e o governo nos propôs REAJUSTE ZERO para 2024. Amanhã, estudantes exercerão as profissões para as quais estão se preparando e, provavelmente, se verão na mesma condição nossa, em pelejas por salário decente, condições de trabalho e direitos.
Unificar a luta estudantil com a classe trabalhadora
Nesse sentido, pedimos a compreensão e solidariedade do segmento estudantil à nossa greve. O Comando Local de Greve (CLG) do SINTUFF está aberto ao diálogo com a classe estudantil e o seu legítimo representante, o DCE Fernando Santa Cruz, para debater sobre a essencialidade de serviços e mitigar prejuízos a estudantes em vulnerabilidade socioeconômica. Um diálogo que se encontre no limite de não ferir o direito de greve da nossa categoria.
Estamos juntos aos estudantes pelo fim dos cortes de recursos nas universidades, por ampliação da assistência estudantil, por condições de trabalho e estudo, por bandejão em todos os campi, ampliação das bolsas, do transporte universitário, por passe-livre, entre tantas outras pautas fundamentais. Contamos com o apoio do segmento estudantil em nossa luta por salário e carreira dignos.
Cordialmente,
Comando Local de Greve do SINTUFF
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