Bolsonaro é condenado por trama golpista após legado trágico de danos ao país
- SINTUFF
- há 6 horas
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O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quinta-feira (12) o julgamento que condena Jair Bolsonaro e sete de seus aliados pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Por 4 votos a 1, prevaleceu o entendimento de que o ex-presidente e sua cúpula organizaram uma trama criminosa para promover um golpe de estado. Cristiano Zanin acompanhou o relator Alexandre de Moraes, além de Flávio Dino e Cármen Lúcia, enquanto apenas Luiz Fux votou pela absolvição.
A condenação de Bolsonaro expõe a gravidade dos crimes cometidos. Mas é preciso afirmar: o golpe não foi um raio em céu azul. Ele é fruto direto de um governo que deixou um rastro de destruição social no país.
Durante a pandemia, mais de 700 mil brasileiros morreram de Covid-19, enquanto Bolsonaro sabotava a compra de vacinas, ridicularizava o sofrimento das famílias e disseminava mentiras sobre a doença. A tragédia foi aprofundada pelo negacionismo deliberado e por atos de deboche que escancararam o desprezo do governo pela vida do povo.
No campo social, o bolsonarismo empurrou milhões à fome e à miséria. Em 2022, 33 milhões de pessoas voltaram a viver em insegurança alimentar grave. O desemprego, a carestia e a inflação corroeram salários, enquanto a Reforma da Previdência e medidas de flexibilização trabalhista retiraram direitos históricos.
Somam-se ainda o estímulo à violência política, o incentivo a pautas armamentistas e o uso do cargo para promover ódio e divisão social. Bolsonaro foi a expressão de um projeto autoritário que tentou se perpetuar por meio de um golpe de Estado.
O bolsonarismo reforçou a violência de gênero: vetou e esvaziou políticas de combate ao feminicídio, atacou o direito das mulheres à saúde reprodutiva e multiplicou declarações machistas, estimulando a cultura da violência.
Os povos indígenas sofreram com a liberação do garimpo e das invasões de terra, gerando crises humanitárias como a dos Yanomami. A população negra foi alvo de discursos que negavam o racismo estrutural, enquanto a violência policial crescia nas periferias. A comunidade LGBTQIA+ foi atacada por falas preconceituosas e pelo abandono completo de políticas públicas de proteção.
O meio ambiente foi outro alvo central. Durante os quatro anos de Bolsonaro, a Amazônia perdeu 45 mil km² de floresta – um recorde de devastação. O governo desmontou o Ibama e o ICMBio, reduziu multas, cortou orçamento e incentivou o crime ambiental. O desmatamento explodiu em Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas, colocando em risco comunidades inteiras e acelerando a crise climática.
A decisão do STF é importante, mas insuficiente. O risco de manobras para anistiar golpistas segue em curso no Congresso, impulsionado pela extrema-direita que ainda tem força social e política. A experiência histórica demonstra: essas instituições não são confiáveis.
Somente a organização independente da classe trabalhadora e do povo pobre poderá impedir a impunidade, recuperar os direitos arrancados e derrotar definitivamente o projeto bolsonarista.
A condenação de Bolsonaro deve servir como alerta e como combustível para ampliar a mobilização. É nas ruas, nos locais de trabalho e estudo que se decidirá o futuro do país.
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