Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho
Numa assembleia que não coube no auditório, estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF), reunidos no campus Gragoatá, em Niterói (RJ), aprovaram indicativo de construção da greve estudantil.
Também deliberaram pelo apoio aos movimentos paredistas do segmento técnico-administrativo, já em greve, e docentes, cujo indicativo de construção da greve já foi aprovado tanto nacionalmente quanto na UFF.
Pela diretoria da ADUFF, a professora Renata Schittino saudou a assembleia desejando um bom debate com respeito à pluralidade. "Há muito tempo a gente não via uma assembleia tão grande e tão rica aqui na UFF", disse, destacando ser um espaço de qualidade para organizar a luta.
A docente informou ao conjunto de discentes sobre a situação da campanha salarial da categoria. "Nos reunimos na UFF na semana passada, muitos estudantes estiveram lá, e aprovamos a construção da greve. Essa decisão foi [levada] à nossa [ reunião nacional] do setor das federais, onde foi aprovado o indicativo de greve a partir do dia 15 de abril", disse, ressaltando que esta decisão indicativa agora será apreciado por uma nova rodada de assembleias nas Instituições Federais de Ensino de todo o Brasil. Na Universidade Federal Fluminense, a assembleia será convocada para o dia 8 ou 9 de abril, informou.
"O que a gente viu na assembleia e que está construindo desde o Congresso do Andes é a ideia de que a gente precisa se mobilizar. A gente precisa estar junto, em defesa da Educação, junto com técnicos, com estudantes, em um plano nacional, sobretudo pressionando para que as verbas venham para Educação", observou, mencionando os problemas na infraestrutura na universidade. "Como a gente estava vendo a situação lá do auditório e tivemos que vir aqui pra fora, o que é apenas um exemplo", disse, referindo-se ao precário funcionamento dos aparelhos de ar-condicionado do auditório do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF). "Essa é uma luta de todos nós", finalizou.
Representantes do SINTUFF também desejaram sucesso na mobilização estudantil e expuseram os motivos da greve iniciada pelos técnicos-administrativos em 11 de março. Mencionaram a situação salarial da categoria, definida como intolerável, e outras bandeiras do movimento. "Estamos tentando negociar com o governo desde o ano passado e estamos com reajuste zero e com cortes no orçamento da universidade", disse a servidora Lucyene Brito, coordenadora da entidade e integrante do Comando de Greve.
"Paramos hoje para não ter que parar mais tarde", afirmou, referindo-se às possíveis consequências dos cortes e bloqueios orçamentários que ameaçam inviabilizar o funcionamento da universidade até o fim do ano. "Todo mundo que estuda ou trabalha na UFF [sabe dos problemas] na infraestrutura", disse.
Comitês e plenárias
A assembleia foi realizada na noite da terça-feira, 26 de março de 2024. A próxima deve ser convocada para a segunda semana de abril. Antes disso, a proposta aprovada é que comitês locais sejam formados e convoquem plenárias nos campi de Niterói e de fora da sede.
Não houve polêmica quanto ao apoio às greves de quem trabalha na universidade, assim como em torno da construção de um movimento conjunto - unindo técnicos, docentes e estudantes - em defesa da educação pública e da UFF.
A construção desse movimento unitário já teve, no dia seguinte, uma reunião na sede da ADUFF, que reuniu representantes das entidades centrais dos três segmentos (DCE Fernando Santa Cruz, SINTUFF e ADUFF). A reunião já definiu pela participação conjunta no ato dos servidores marcado para o dia 3 de abril e a convocação de uma plenária para a véspera, no dia 2 de abril, terça-feira - aberta a toda a comunidade acadêmica que queira contribuir com esta luta.
Será no campus do Gragoatá, em Niterói, a partir das 18 horas, no Pilotis do Bloco D.
Ato conjunto
A assembleia estudantil também aprovou a participação na construção de um ato para o dia 9 de abril. A manifestação em defesa da Educação pública que está sendo articulada entre as entidades deverá ter dois eixos reivindicatórios centrais: a revogação integral do Novo Ensino Médio (NEM) e a recomposição orçamentária das instituições federais de ensino, com o fim dos cortes no orçamento, aplicados em nome do chamado 'ajuste ou responsabilidade fiscal'.
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