Na mesma semana em que ocorreu um atentado de extrema direita em Brasília, veio à tona mais uma parte do plano golpista de 8 de janeiro. O chamado “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. O plano, liderado por militares, incluía um “gabinete de crise” coordenado pelos generais Braga Neto e Augusto Heleno. É mais uma evidência de que houve uma tentativa concreta de golpe para instaurar uma ditadura militar no Brasil. Até agora, porém, a impunidade prevalece.
Essa semana, novas informações vieram à tona, reforçando a gravidade da situação. Durante uma audiência no STF, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, implicou diretamente Braga Netto no esquema golpista, complicando ainda mais a situação do ex-presidente Bolsonaro. A revelação, amplamente repercutida, destaca o papel de figuras-chave na tentativa de ruptura democrática. A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Quem são os mandantes?
A prisão de militares e agentes da Polícia Federal envolvidos no esquema é um passo, mas insuficiente. É fundamental que os arquitetos do plano – como Jair Bolsonaro, seus aliados políticos, empresários do agronegócio e grandes empresários – sejam investigados e punidos. Não há como tolerar a liberdade de quem defende a ditadura e promove ataques à democracia e aos direitos sociais. As declarações de Mauro Cid reforçam a necessidade de investigar não apenas os executores, mas os líderes por trás do plano, incluindo os generais e políticos que agiram nos bastidores para viabilizar o golpe.
Conivência e impunidade
Diversos apoiadores de Bolsonaro tentam agora se dissociar de seu governo, mas são cúmplices. Governadores, prefeitos e parlamentares que participaram ou deram suporte ao bolsonarismo devem ser responsabilizados. O envolvimento direto de Braga Netto, exposto por Mauro Cid, e o silêncio de setores que outrora apoiavam o ex-presidente mostram como a lógica da impunidade continua a proteger aqueles que ameaçam a democracia. É preciso romper com essa dinâmica, que também permitiu a manutenção de privilégios à cúpula da ditadura de 1964.
A política de pactos institucionais não funciona
O governo Lula, ao invés de mobilizar a população contra a extrema direita, aposta na conciliação com setores conservadores. As alianças com partidos da direita e a confiança em instituições reacionárias como o Congresso e o STF têm mostrado limites claros. Enquanto isso, lideranças golpistas seguem disputando eleições e exercendo poder, e figuras como o ministro da Defesa, José Múcio, evidenciam essa contradição dentro do governo.
Além disso, medidas como cortes em áreas sociais, a criminalização de greves, como a do INSS, e o apoio indireto à privatização de serviços em estados como São Paulo enfraquecem a classe trabalhadora. Essa estratégia de colaboração com setores da elite econômica e política não garante avanços e abre espaço para retrocessos.
Mobilizar para derrotar a extrema direita
O SINTUFF defende uma ampla mobilização popular para enfrentar os golpistas e garantir sua punição. Centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais devem convocar atos em todo o país para pressionar por justiça e responsabilização. É necessário confiscar os bens de políticos, militares e empresários que financiaram ou participaram do golpe e expropriar empresas envolvidas. A delação de Mauro Cid é mais um elemento para reforçar a urgência dessa mobilização. Sua declaração evidencia que não se trata de "excessos isolados", mas de uma articulação golpista que contou com o apoio de setores estratégicos da elite política e militar.
Essa mobilização deve também incorporar pautas essenciais para a classe trabalhadora, como a revogação das reformas da previdência, trabalhista e do Novo Ensino Médio, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a destinação de recursos públicos para serviços essenciais, retirando privilégios do agronegócio e reduzindo o orçamento militar.
Por um movimento sindical independente e combativo para enfrentar a extrema direita
Para derrotar a extrema direita, o SINTUFF defende um movimento sindical com independência de classe, que não se submeta a pactos com patrões, governos e setores reacionários. Apenas a mobilização unificada e constante pode barrar os retrocessos e resguardar os direitos da classe trabalhadora e a defesa das liberdades democráticas. As recentes revelações sobre o envolvimento de Braga Netto e outros aliados de Bolsonaro deixam claro que a luta contra a extrema direita é uma batalha urgente e que não pode ser travada apenas nas instituições. É preciso ir às ruas, organizar a classe trabalhadora e pressionar por punições exemplares.
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