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Reitoria tenta renovar contrato da EBSERH com atropelo no CUV, após audiência esvaziada

  • Foto do escritor: SINTUFF
    SINTUFF
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura

A chamada Audiência Pública – HUAP: Passado, Presente e Futuro, realizada no dia 9 de dezembro, escancarou mais uma vez a forma antidemocrática como a Reitoria da UFF conduz pautas centrais da universidade. A atual gestão tenta empurrar goela abaixo da comunidade universitária a renovação do contrato de gestão do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).


Com participação reduzida, de cerca de trinta pessoas, a audiência foi marcada por um formato profundamente desigual. Embora tenha havido espaço para falas orais, estas foram rigidamente limitadas a cerca de dois minutos por intervenção, enquanto a Reitoria e a gestão do hospital dispuseram de mais de uma hora para defender sua posição e apresentar indicadores favoráveis ao modelo da EBSERH. Esse desequilíbrio comprometeu qualquer possibilidade real de debate, escuta qualificada ou construção coletiva. Ainda assim, poucos dias depois, a Reitoria já articula uma reunião extraordinária do Conselho Universitário (CUV), marcada para o dia 17 de dezembro, com o objetivo de votar a renovação do contrato da EBSERH, sem debate prévio nas câmaras especializadas, atropelando os trâmites regulares do Conselho.


Simular diálogo, esvaziar a participação e acelerar a prorrogação do contrato


Desde a abertura, a audiência deixou evidente que não se tratava de um espaço efetivamente plural. Na apresentação institucional, o reitor Antonio Claudio conduziu o encontro como uma vitrine para expor supostos avanços recentes do HUAP, melhorias de infraestrutura, iniciativas assistenciais e perspectivas de fortalecimento do hospital, sem garantir condições equânimes para a manifestação de posições divergentes, que são intrínsecas a qualquer audiência pública.


Não há como discutir o “futuro” do HUAP sem discutir o modelo de gestão imposto pela EBSERH. Ao reduzir o debate a um balanço administrativo, a Reitoria buscou deslocar o foco político da discussão para indicadores gerenciais, como se o hospital fosse uma unidade isolada, e não parte indissociável da universidade pública. A audiência serviu apenas para produzir uma aparência de legitimidade, que agora a Reitoria tenta usar para justificar a pressa em levar o tema diretamente ao plenário do CUV.


Contraponto ao HUAP que a reitoria fantasia existir


Mesmo no curto espaço de tempo disponibilizado, houve manifestações críticas que desmontaram a narrativa oficial apresentada pela gestão. Wagner Peres, coordenador-geral do SINTUFF, denunciou o formato restritivo da audiência e o esvaziamento da participação da comunidade universitária, além de contestar frontalmente a ideia de que a EBSERH teria fortalecido o HUAP, apontando precarização das condições de trabalho, fechamento de leitos, assédio moral e a descaracterização do hospital universitário.


Na mesma linha, Lucyene Almeida, conselheira universitária pelo segmento técnico-administrativo, questionou a distância entre o discurso da gestão e a realidade vivida no cotidiano do hospital, denunciando a redução de leitos, o aumento do adoecimento dos servidores e a convivência conflituosa entre diferentes regimes de contratação desde a implantação da EBSERH.


Silenciamento e perseguição ao SINTUFF


A ausência de debate democrático sobre a EBSERH não se manifesta apenas no formato esvaziado da audiência pública, mas também em práticas institucionais concretas de repressão e silenciamento. A maior prova disso é que, ainda neste mês de dezembro, enquanto afirma publicamente buscar diálogo, a Reitoria executa judicialmente uma multa superior a R$ 300 mil, direcionada exclusivamente contra o SINTUFF.


Essa multa decorre dos atos e mobilizações construídos pelo sindicato em conjunto com a ADUFF, Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos, outras entidades e movimentos, contra a implantação da EBSERH no HUAP, em 2017. Desde então, a Reitoria tem buscado sistematicamente silenciar vozes dissonantes, e uma das expressões mais graves dessa política é a imposição de uma penalidade descabida e violenta contra o sindicato por ter exercido o direito legítimo e democrático de se manifestar e lutar contra a adesão a essa empresa.


O SINTUFF tem reiteradamente solicitado audiência com a gestão da UFF para tratar dessa multa e de outros processos judiciais impostos pela Reitoria ao longo dos últimos anos contra o sindicato, na tentativa de discutir, amenizar e buscar soluções institucionais para os efeitos dessas ações. Até o momento, contudo, a Reitoria tem relutado a estabelecer esse diálogo, estendendo o cenário de perseguição política.


Atropelo do Conselho Universitário e ataque à democracia interna


A tentativa de convocar uma reunião extraordinária do CUV às pressas, sem que o tema passe pelas câmaras especializadas, representa um grave ataque à democracia universitária. Trata-se de uma decisão estratégica, com impactos estruturais sobre o ensino, a pesquisa, a extensão e as relações de trabalho, que não pode ser tomada a toque de caixa. Renovar o contrato da EBSERH nessas condições é impor uma decisão sem debate real, sem participação efetiva e sem respeito às instâncias colegiadas.


O SINTUFF reafirma sua posição histórica: a EBSERH não fortalece o hospital universitário, ela o descaracteriza. Defender o HUAP é defender sua plena integração à UFF, com gestão pública direta, autonomia universitária e valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores. A comunidade universitária não pode aceitar mais esse atropelo. O futuro do HUAP não se decide em audiência esvaziada nem em reunião relâmpago do CUV.

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