Mensagens comprovam que plano é salvar ex-presidente golpista e afundar o Brasil

Por CSP-Conlutas

Poderia ser só mais uma quarta-feira de futebol na TV, mas o indiciamento de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo por coação na quarta-feira (20), bem como o vazamento das mensagens trocadas pela dupla e o pastor Silas Malafaia, tomou as manchetes no país.

Segundo as investigações da Polícia Federal, os Bolsonaro tentaram acuar o Supremo Tribunal Federal (STF) para livrar o ex-presidente da acusação de Golpe de Estado, a qual responde criminalmente e terá julgamento a partir do próximo dia 2/9.

Em uma série de mensagens divulgadas fica claro que o clã Bolsonaro articulou com os EUA medidas contra o Brasil, para pressionar os ministros do STF que apuram a tentativa de golpe.

O crime de coação ocorre porque Eduardo, que fugiu para os EUA, em julho, conscientemente articula, junto às autoridades americanas, medidas como o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros. “O contexto da ação penal (...), uma vez que buscam atingir diretamente instituições democráticas brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal e, até mesmo, o Congresso Nacional Brasileiro, objetivando subjugá-las a interesses pessoais e específicos”, diz trecho do processo.

Até mesmo Donald Trump, presidente dos EUA, cumpriu sua parte no esquema, quando no dia 7 de julho, escreveu em sua rede social um texto defendendo Bolsonaro e afirmando que a justiça brasileira fazia uma “caça às bruxas’.

Anistia só para Bolsonaro

A investigação da PF também escancarou uma realidade que, infelizmente, os apoiadores do bolsonarismo ainda não leva em consideração: a família Bolsonaro pensa apenas em si mesma e não dá a mínima para o Brasil e sua gente.

As mensagens trocadas por Jair e Eduardo comprovam que o objetivo não é garantir uma anistia para todos aqueles presos por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro de 2023, mas conseguir a salvação apenas do ex-presidente.

"Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar (…) Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto, que evoluiu para uma baderna, para casa num semiaberto", escreveu Eduardo.

Show de horrores no “Zap”

As conversas entre Jair, Eduardo e Silas Malafaia divulgadas ao público também revelam que não há uma unidade total entre os principais defensores de Bolsonaro (aqueles que mais ativamente atuam para salvar o ex-presidente).

Após uma entrevista em que Jair elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e criticou o próprio filho, Eduardo escreveu para seu pai: “VTNC, SEU INGRATO DO CARALHO”.

“Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se fuder é vc”, reclamou Eduardo, contrariado pelas críticas que recebeu.

Em outro momento, é Malafaia quem ofende Eduardo pela maneira que este conduz os ataques ao Brasil. Para o pastor, Eduardo é um “babaca”, “inexperiente” e “idiota”, que estaria “entregando a Lula o discurso nacionalista”.

O papel de Malafaia

Agora também é possível perceber que Malafaia é muito mais importante para Bolsonaro do que se imaginava. Em diversas trocas de mensagens, Malafaia atua como conselheiro e coordenador das publicações de Bolsonaro nas redes sociais.

Pelo claro envolvimento nos crimes dos Bolsonaros contra a democracia, Malafaia também foi alvo de buscas pela PF nesta quarta-feira, teve sua casa averiguada, celulares apreendidos e não poderá deixar o país sem autorização.

Embora ainda não tenha sido indiciado, Malafaia poderá ser incluído no processo após a análise de todo material encontrado pela polícia. Se as provas forem suficientes, a PGR (Procuradoria Geral da República) poderá pedir a inclusão do pastor.

Fuga para Argentina

Bolsonaro também planejou um pedido de asilo político na Argentina. Em um rascunho que seria dirigido ao presidente argentino, Javier Milei, ele escreve: “devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”. “No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares", continua o documento.

A defesa de Bolsonaro agora deverá prestar os esclarecimentos sobre a possibilidade de fuga, caso contrário ele poderá ser enviado à prisão comum de forma preventiva.

Vamos defender uma verdadeira soberania no 7 de setembro

Todo mundo já desconfiava, mas as mensagens divulgadas na PF só deram a certeza de que a família Bolsonaro está disposta a tudo, até mesmo destruir a economia do país, para salvar sua pele.

No próximo dia 7 de setembro, a CSP-Conlutas faz um convite para os verdadeiros interessados em defender a soberania nacional. A classe trabalhadora precisa ir às ruas e mostrar que não aceita mais estes ataques. Vamos dizer não ao imperialismo, ao tarifo de Trump e exigir uma verdadeira soberania nacional.

Da mesma maneira, é fundamental exigir de Lula o fim dos ataques ao povo que seu governo comete, afinal de contas, não há soberania verdadeira sem independência de classe e os interesses dos trabalhadores em primeiro lugar.