Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro apela para propagandas enganosas e falaciosas. O presidente da República recorre ao cinismo ao mentir que não existe fome no país e que o Brasil está vivendo um boom de crescimento econômico. Segundo as palavras de Bolsonaro a fome “não existe da forma como é falado”. Contudo, os dados o desmentem. O relatório da Oxfam Brasil aponta que 33 milhões de pessoas passam fome e metade da população brasileira está em insegurança alimentar. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas. Nas grandes capitais triplicou o número de pessoas em situação de rua.
O IBGE confirma em suas estatísticas que o desemprego atinge 12 milhões de pessoas. 76 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho e mais de 40% das pessoas com ocupação estão na informalidade.
A inflação dos alimentos disparou, a carne bovina passou a ser pouquíssimo acessível à grande maioria dos brasileiros, o preço do leite, do óleo de cozinha, do arroz e do frango sofreram altas consideráveis, muito acima de qualquer reposição salarial. O gás de cozinha e o transporte público acumularam um duro encarecimento ao longo do ano. Enquanto isso as diversas categorias profissionais amargam reajustes irrisórios ou até mesmo congelamentos salariais, situação que afeta profundamente técnico-administrativos das universidades que estão há mais de cinco anos sem qualquer reposição no salário.
O auxílio de 600 reais, que Bolsonaro tenta capitalizar eleitoralmente, vai apenas até o final do ano e foi instituído já no período eleitoral e devido à forte pressão popular. Basta lembrar que no começo da pandemia, a proposta de auxílio de Bolsonaro e do Ministro Paulo Guedes era de apenas 200 reais. O governo só se mexeu há poucos meses do pleito eleitoral devido ao risco iminente de derrota de Bolsonaro nas urnas.
Corrupção à solta
Após os escândalos envolvendo a corrupção ligada a seus ministros Milton Ribeiro, acusado de repassar verbas federais para aliados religiosos por meio de um gabinete paralelo, e Ricardo Salles, suspeito de envolvimento em venda ilegal de madeira, agora a família Bolsonaro se vê em meio a um escândalo flagrante de compra de imóveis.
A reportagem do portal UOL apurou que Bolsonaro e seus familiares fizeram a aquisição de 51 imóveis através de dinheiro vivo, um montante de R$ 26 milhões, corrigidos pela inflação. Essa estranha movimentação apresenta evidências fortes de esquemas de lavagem de dinheiro.
Fatos como esse colocam abaixo a retórica anticorrupção utilizada por Bolsonaro, seus filhos e aliados para chegar ao poder. O Governo Bolsonaro é extremamente corrupto e aliado de criminosos, vide seu vínculo com milicianos e desmatadores.
Por que é necessário seguir nas ruas contra Bolsonaro?
É necessário derrotar Bolsonaro nas urnas. Mas esse processo é insuficiente mediante suas intenções golpistas e a mobilização de sua base social para defender pautas reacionárias e antidemocráticas. Cabe aos movimentos sociais, às centrais sindicais, federações, sindicatos e partidos de esquerda mover as bases de suas categorias e setores para enfrentar o governo com grandes manifestações que respondam às mentiras do governo, que conta com hordas de apoiadores mobilizados com dinheiro público. É preciso romper a apatia e mover quem está contra o governo para mobilizações de rua. A mera confiança de que basta apertar alguns botões para derrotar Bolsonaro e seus apoiadores semeia ilusões que podem ser caras no futuro.
O voto na urna precisa ser combinado com uma grande campanha política de massas, como foi o #EleNão em 2018, a defesa das pautas históricas da classe trabalhadora, o rompimento com a dívida pública aos banqueiros, reestatização de empresas que foram privatizadas e a reversão das contrarreformas que retiraram direitos trabalhistas e previdenciários.
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