Moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, retiraram oito corpos, na segunda-feira (22/1), do manguezal, enquanto outros corpos permaneciam na área de mangue. As mortes ocorreram durante uma ação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) na comunidade. A suspeita é que a ação trata-se de vingança à morte de um policial militar. Durante a ação do BOPE uma idosa foi atingida no braço por uma bala perdida.
Os moradores afirmaram que foi uma chacina. Os relatos são de que os corpos apresentavam sinais de tortura e que as mães estavam entrando na área, com o mangue acima do joelho, para tentar puxar os corpos dos filhos.
Em nota, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmou, ter recebido “relatos sobre a violenta operação no Complexo do Salgueiro” e comunicou o fato ao Ministério Público, “para a adoção de medidas cabíveis a fim de interromper as violações”.
Em pleno mês da Consciência Negra, uma ação ilegal da Polícia Militar invade uma comunidade pobre, formada majoritariamente por pessoas negras, para ações violentas alheias ao interesse público e que contrariam qualquer norma ou lei existente. A população negra, pobre e trabalhadora é a maior vítima das operações policiais nas comunidades, que se convertem em ações de extermínio, ampliando o genocídio da população negra, desprovida essa de saúde pública, segurança pública e segurança alimentar.
Operações da PM nas comunidades pobres e favelas demandam altos investimentos, sob o pretexto do combate às drogas, para uma disputa territorial que não encerra a violência (ao contrário, a intensifica) e atende a interesses diversos que não o interesse público. As drogas e as armas não brotam subitamente nas comunidades e favelas, elas vem do asfalto, onde ricos e poderosos faturam alto com o tráfico, enquanto a população negra e pobre vive entre o fogo cruzado, sob risco permanente de morte. O resultado dessa política, promovida pelo governador Claudio Castro com o apoio do reconhecidamente racista governo Bolsonaro, são mortes de jovens, adultos, crianças, idosos e grávidas, para atender as disputas por negócios criminosos, tendo em vista o alto grau de envolvimento da Polícia Militar com os chamados arregos e as milícias.
O SINTUFF repudia a chacina e se solidariza a mães e demais moradores do Complexo do Salgueiro, diante dessa ação bárbara e criminosa. Que os responsáveis por essa chacina sejam indentificados e legalmente punidos.
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