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HUAP: uma bomba relógio de Covid-19

Atualizado: 15 de jul. de 2020


Na segunda quinzena de maio, inspeção do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) detectou o assombroso número de 31 médicos comprovadamente infectados por Covid-19 na unidade hospitalar. Apesar da completa ausência de informação por parte dos gestores, os relatos dos servidores assustam pela gravidade dos fatos narrados e apontam que a situação do hospital permanece crítica e piorou desde a inspeção do CREMERJ.

Apesar da reitoria, por meio da Coordenação de Atenção Integral à Saúde e Qualidade de Vida (CASQ), se recusar a considerar o HUAP como ambiente insalubre em grau máximo para todos que lá estão ativos, os adoecimentos por Covid-19 se espalham pelos mais diversos setores, ignorando qualquer suposta linha divisória entre maior e menor risco dentro da unidade. O índice de pessoas que se afastaram por contrair Covid-19 é altíssimo, denotando a completa ineficiência dos protocolos adotados e indicando inadequação dos EPIs fornecidos.

Na prática todos no HUAP estão na dita “linha de frente”, lidando diretamente com pacientes e colegas infectados todos os dias. Há remanejamentos constantes de setores e pacientes devido à circulação do vírus pelo hospital. Os relatos dão conta que muitos procedimentos são realizados sem que os profissionais sejam previamente testados, ampliando a contaminação. Cinco trabalhadoras já perderam suas vidas e o número só não foi ainda maior porque o SINTUFF através de liminar conseguiu forçar a reitoria e a EBSERH a liberarem servidores dos grupos de risco.

A gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e a reitoria da UFF têm sido negligentes com qualquer princípio de transparência. Não divulgam de forma organizada e regular os dados referentes ao quadro de servidores, empregados públicos, contratados, terceirizados e cedidos, acerca de óbitos, contaminados, testados, entre outras necessárias informações.

A flexibilização do isolamento social na cidade intensifica os riscos aos profissionais da saúde. A reitoria suspendeu o transporte e já planeja para agosto a desativação do hotel destinado aos servidores. Assim forçam os trabalhadores a circular e exporem ainda mais a si e seus familiares. No HUAP, circula pelos corredores datas para retorno à “normalidade” com ponto biométrico e volta dos servidores dos grupos de risco. A reitoria e a EBSERH começam a agir como se a pandemia estivesse acabando, quando a realidade é inversa. O Rio de Janeiro e o Brasil permanecem em uma situação dramática e sem indícios que a crise sanitária seja revertida em um curto espaço do tempo.

O SINTUFF reivindica que o CUV assuma suas atribuições, debata o funcionamento da UFF e do HUAP durante a pandemia, e que reitoria, CASQ e EBSERH parem de agir irresponsavelmente e marquem uma mesa de negociação com a categoria sobre o adicional de insalubridade.

Que a UFF garanta grau máxima de adicional de insalubridade a todo quadro de servidores ativos no HUAP; testagem urgente em todos; EPIs de qualidade a todos, incluindo terceirizados, setores de serviços, sem distinção; fornecimento de alimentação a todos os trabalhadores em local adequado; atendimento médico (incluindo internação caso necessário) a todos os trabalhadores que apresentarem sintomas de Covid-19, boletins diários sobre atendimentos e dados de Covid-19; transporte especial para os que saem do plantão e manutenção dos hotéis para os trabalhadores que optarem por não expor seus familiares.

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