O Conselho Universitário (CUV) debateu em sessão ordinária (8) proposições centrais formuladas pelo Comando de Greve Unificado. As propostas foram encaminhadas por conselheiros(as) vinculados(as) ao movimento grevista, que participaram da sessão virtual do CUV em atividade realizada na sede da ADUFF, com a presença dos Comandos de Greve dos três segmentos. A principal das resoluções apresentadas era encaminhar ao Conselho de Ensino e Pesquisa (CEPEx) a suspensão do calendário acadêmico da UFF. Em votação dividida, por 45 votos a 37 a proposição foi rejeitada, tendo partido da base de apoio da reitoria a esmagadora maioria dos votos que impediu o avanço da proposição.
Apesar do resultado desfavorável nesta votação, a coordenadora geral do SINTUFF e conselheira universitária, Alessandra Primo de Moraes, avaliou que a divisão da votação foi uma demonstração de força da greve. “O CUV atualmente é hegemonizado pelos setores mais conservadores e contrários à greve, blindado perante a comunidade universitária pela redoma das reuniões online, carregadas de distanciamento da realidade da UFF. Ter uma votação dividida sobre a suspensão do calendário mostra que existe espaço político para fazer avançar essa proposta tão necessária para o melhor funcionamento da UFF”. O coordenador do DCE e conselheiro estudantil Maycon Douglas Alves dos Santos avalia que “a não suspensão do calendário vai estender o período letivo num momento crítico para o orçamento da UFF e ainda penalizar os estudantes, que deflagraram greve estudantil porque vivem numa realidade precarizada pela falta de verbas. Nesse cenário é preciso intensificar a mobilização estudantil em toda a UFF”.
Reitoria está inerte na luta pela recomposição orçamentária
Além do tema da suspensão do calendário, os(as) grevistas pautaram a realização de uma Audiência Pública sobre o contingenciamento de verbas da UFF.
Inexplicavelmente, o reitor Antonio Claudio Lucas da Nobrega encaminhou a proposta para as câmaras do CUV, uma resolução que não envolve nenhum teor técnico ou jurídico para ser avaliado. A realização da Audiência poderia ser encaminhada pelo próprio reitor, inclusive sem necessidade do CUV votá-la.
A recusa da reitoria em convocar Audiência Pública e as constantes notas públicas com teor reticente ao movimento de greve demonstra falta de vontade política da gestão da UFF em ações de efetiva pressão pela recomposição orçamentária. As iniciativas institucionais da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) são louváveis e salutares. Contudo, sem um processo de mobilização de docentes, estudantes e técnico-administrativos, essas ações estritamente institucionais se tornam muito limitadas em pressionar o governo pelos necessários recursos ao funcionamento das universidades.
A reitoria em vez de se somar de corpo e alma à luta pela recomposição do orçamento, prioriza atender sua base política conservadora, uma espécie de “Centrão” da universidade, ao evitar Audiência Pública, não avançar na suspensão do calendário acadêmico, e insistir em notas públicas para fazer ressalvas aos movimentos de grevistas na UFF. Todo um esforço desmedido para manter as atividades de um calendário que hoje está fadado a ser interrompido em agosto ou setembro pela falta de verbas relatada pela própria reitoria. É tempo da gestão e seus correligionários refletirem que o movimento de greve deveria ser visto e tratado como aliado numa luta benéfica a toda a universidade e seus agentes. Não é saudável e nem realista para a gestão da universidade travar quedas de braço com o movimento grevista no intuito de manter ativa uma prestação de serviços precária e ameaçada de interrupção pelos bloqueios no orçamento.
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