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Cerimônia emocionante e histórica marca a despedida de Pedro Rosa

  • Foto do escritor: SINTUFF
    SINTUFF
  • 26 de set.
  • 5 min de leitura
Foto: Zulmair Rocha
Foto: Zulmair Rocha

O Anfiteatro do Parque da Colina, em Niterói, ficou pequeno perante o público que se reuniu na quarta-feira (24) para se despedir de Pedro Rosa Cabral, dirigente sindical histórico, falecido na segunda-feira (22). Coordenador do SINTUFF em diversas gestões desde 2005, ex-dirigente da FASUBRA Sindical e ex-representante técnico-administrativo no Conselho Universitário da UFF, Pedro foi homenageado por familiares, companheiros(as) de luta, dirigentes sindicais, organizações políticas, professores(as), estudantes e amigos(as). A cerimônia se transformou num grande ato político, a melhor forma de expressar a vida e o legado de Pedro Rosa, marcado por sua militância e combatividade.


Entre os presentes estavam o reitor da UFF Antonio Claudio da Nóbrega, o vice-reitor Fábio Passos, o ex-reitor Roberto Salles, o médico e professor da UFF Wladimir Soares, o ex-diretor da Faculdade de Direito Wilson Madeira, o ex-diretor do ICHF e do Instituto de Psicologia Francisco Palharini, o vereador Professor Túlio (PSOL), além de representantes de entidades como FASUBRA, SINTUFRJ, SINTUR-RJ, SEPE-RJ, ADUFF, CSP-Conlutas, ANDES-SN. A Escola de Serviço Social, onde Pedro cursava mestrado, também se fez presente. Ainda participaram nomes históricos da militância política, como Babá (CST) e Cyro Garcia (PSTU). Um vídeo foi exibido com dezenas de imagens que contavam a trajetória de Pedro Rosa.


 

As vozes da despedida


A cerimônia foi marcada por discursos fortes e emocionados. Alessandra Primo, companheira de Pedro, falou sobre seu último desejo:


“Pedro queria voltar para o seu rio, e é lá que ele vai descansar. As cinzas serão lançadas no Guamá, em Belém, e o boto vai voltar para o rio. Ele era como o boto: livre, misterioso, sempre retornando. Pedro foi um homem de convicções firmes, que não se dobrou e nunca se calou. E eu sei que, de alguma forma, ele vai continuar conosco, porque a luta sempre o chamou e ele sempre atendeu.”


Ivone Rosa, irmã de Pedro, recitou versos de Roda Viva, de Chico Buarque, lembrando a vida intensa do irmão:


“Pedro marcou quando militava em tantas frentes de batalha, quando vociferava contra as injustiças sociais. Ele teve voz ativa, mas não conseguiu mandar no seu destino. Então a roda viva o levou. Pedro partiu sem dizer adeus e nós ficamos nessa roda viva com lágrimas nos olhos e uma dor no peito. Mas Pedro estará sempre vivo em nossas memórias e em nossos corações.”


Da direção do sindicato, os coordenadores Wagner Peres e Carlos Abreu lembraram sua marca na história do SINTUFF:


“Pedro sempre manteve o sindicato com independência. Onde tinha luta, ele estava, mobilizava, ensinava. Foi professor na militância e referência de combatividade”, disse Wagner.

“Pedro era um entusiasta da luta de classes, um caçador de lutas. Contribuiu para formar gerações de militantes e seguirá presente em cada mobilização”, completou Abreu.


Companheiros de décadas de militância também se pronunciaram. Jessé Luz, representando os(as) funcionários(as) do SINTUFF e o SINTESNIT, lembrou as primeiras lutas estudantis e sindicais ao lado de Pedro. Já Babá (CST) destacou a coerência revolucionária do dirigente:


“Pedro sempre foi um camarada de luta, que nunca separou a defesa da vida da paixão pela política e pela música. Ele fazia da sua existência uma trincheira, lembrou Babá”.


Cyro Garcia (PSTU) ressaltou o papel de Pedro Rosa na militância:


“Pedro fazia do SINTUFF uma trincheira não apenas dos técnicos da UFF, mas de toda a classe trabalhadora. Ele queria a emancipação da nossa classe através da revolução socialista. Estará conosco em cada greve e em cada bandeira erguida.”


Maria Cecília Castro, presidenta da ADUFF, recordou a importância de Pedro Rosa para a unidade dos três setores da UFF:


“Pedro arrebatava corações. Foi protagonista de um sindicato combativo, que dialogava com professores e estudantes. A luta dele agora é nossa tarefa.”


A professora Eblin Farage, ex-presidenta do ANDES-SN e orientadora de Pedro no mestrado em Serviço Social da UFF, emocionou-se:


“Pedro certamente foi o maior dirigente da história do SINTUFF. O texto de sua dissertação estava pronto. A universidade tem o dever de homenageá-lo.”

Oscar Gomes, da ASUNIRIO, lembrou a dedicação de Pedro Rosa mesmo durante a doença:


“Ele me ligava do hospital para discutir política. Esse era o Pedro, militante até o fim.”

O professor Wladimir Soares, médico e professor da UFF, destacou sua integridade:

“Até no hospital estava lendo Marx. Pedro estava sempre nas batalhas, do lado certo da história. Deixa um vazio enorme, mas também um legado de dignidade e altivez.”


Da FASUBRA, a coordenadora geral Ivanilda Reis definiu:


“Pedro é um exemplo de luta. Seu nome está gravado na história da UFF e da categoria.”


Chiquinho, coordenador da FASUBRA e do SINTUFRJ, enfatizou a combatividade de Pedro:


“Pedro Rosa fez o bom combate. Muitas vezes debatemos e tivemos visões diferentes, mas ele enfrentava, defendia o que acreditava e estava sempre à frente. Essa era a grandeza dele: não fugir da luta, mesmo quando não havia consenso. Em nome do SINTUFRJ e da FASUBRA, digo que a história de Pedro é exemplo de convicção e coragem. Ele fez diferença na universidade pública e será lembrado cada vez que levantarmos nossas bandeiras.”


Sonia Lucio, ex-presidenta da ADUFF, lembrou vitórias coletivas e a firmeza de Pedro nos conselhos universitários:


“Com o SINTUFF, Pedro conseguiu unir forças e aprovar conquistas históricas para os técnico-administrativos. Foi um dirigente que nunca se dobrou e que nos ensinou a acreditar na universidade como patrimônio do povo.”


Pela Resistência/PSOL, Patricia Santiago sublinhou sua importância:


“Existem pessoas insubstituíveis, e Pedro é uma delas. Como dizia Brecht, foi um homem imprescindível, porque lutou a vida inteira.”


Claudia Reis e Rosi Messias, da CST, reforçaram o caráter internacionalista da sua militância, mencionando as moções recebidas de diversos países.


“Pedro era inquieto, corajoso, polêmico. Questionava absolutamente tudo, porque acreditava que só assim a classe trabalhadora avançaria. Se estivesse aqui hoje, estaria nos perguntando a cada dois minutos como anda a luta na França, na Itália ou em Gaza. Ele caçava lutas porque acreditava que quanto mais batalhas travássemos, mais consciência e organização teríamos”, afirmou Claudia.


Também fizeram uso da palavra Marli Rodrigues, coordenadora do SINTUFRJ, além de Therezinha Souza (professora da UNIRIO) e Ivan Ducatti (professor da Escola de Serviço Social), que defenderam a concessão do título de mestre post mortem a Pedro.


“Pedro escrevia sobre autonomia sindical, aquilo que fez de sua vida. O texto estava pronto, e por isso começamos a campanha para que ele receba o título de mestre. Ele é um marco de estrada, alguém que indica o caminho.”, defendeu Therezinha.

 

Reconhecimento institucional e político


O reitor Antonio Claudio da Nóbrega ressaltou que “sempre que se falar da nossa universidade, seu nome será lembrado. Ele me ensinou a ter um olhar mais largo sobre a universidade e sobre a vida. Ele nos faz falta, mas continuará presente em cada bandeira que levantarmos.”. O vice-reitor Fábio Passos recordou sua disposição para o diálogo: “Pedro tinha posições firmes, mas sabia ouvir. Aprendi muito com ele”.


O ex-reitor Roberto Salles destacou a combatividade e a firmeza de Pedro Rosa:


“Era firme, leal aos seus princípios e ao mesmo tempo aberto ao diálogo. Ele deixa um exemplo que seguirá inspirando a universidade. Nunca vou esquecer quando, em 2008, o SINTUFF, com a liderança de Pedro, conseguiu convencer os 33 conselheiros a aprovar o reenquadramento (dos aposentados). Aquela vitória coletiva mostrou sua capacidade de articulação e sua força política. Foi um marco na história da UFF, que só aconteceu porque Pedro acreditava e não desistia.”

 

Uma vida que se transforma em legado


A despedida terminou com cantos, abraços e a palavra de ordem que ecooaram entre todos(as):— Pedro Rosa, presente!— Hoje e sempre!


Após a cerimônia, o corpo foi cremado. As cinzas serão lançadas no Rio Guamá, em Belém, sua terra natal, como desejava.


Entre lágrimas e aplausos, ficou a certeza de que Pedro Rosa seguirá vivo na memória da UFF, nas lutas sindicais e na história da classe trabalhadora brasileira.



1 comentário


Maria Helena Daumas Gabriel
Maria Helena Daumas Gabriel
10 de out.

Estou lendo esses relatos sobre o saudoso Pedro Rosa e concordando que ele é mesmo insubstituível..A minha homenagem são as lágrimas derramadas ao ler essa matéria. Descanse em paz colega de luta!

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