Os Comandos Locais de Greve docente, estudantil e técnico-administrativo promoveram um ato unificado nos jardins da reitoria na manhã desta quinta-feira (9). Entre as pautas principais estavam a luta em defesa da educação, pela recomposição orçamentária, pela suspensão do calendário acadêmico e o retorno dos conselhos superiores ao funcionamento presencial, como era antes da pandemia. Dentre essas demandas, se soma com especial destaque a reivindicação para que servidores(as) do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) sejam recebidos em audiência pela superintendência do HUAP e a reitoria para tratar da pauta de reivindicações da categoria na unidade hospitalar.
Durante a atividade, o microfone esteve aberto a falas dos(as) manifestantes. Alessandra Primo de Moraes, coordenadora geral do SINTUFF, reforçou que a greve é um instrumento de luta pela recomposição orçamentária e ironizou a súbita dedetização no prédio da reitoria justamente no dia do ato. A presidente da ADUFF, Maria Cecília Castro, defendeu a suspensão do calendário acadêmico e criticou a posição da maioria do Conselho Universitário (CUV), contrária a essa medida. Cecília enfatizou que a continuidade do período letivo desconsidera que o funcionamento da UFF não está normal. Jeferson Roza, coordenador geral do DCE Fernando Santa Cruz, criticou o formato virtual do CUV, a precariedade nas unidades do interior e reivindicou maior abrangência do transporte universitário, o BusUFF. Izabel Cristina Firmino, servidora do HUAP, cobrou do reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega e da superintendente do HUAP, Verônica Alcoforado de Miranda, que respeitem a categoria e recebam o Comando Local de Greve (CLG) para tratar das demandas locais.
Após as falas, os(as) grevistas foram para a rua com faixas, cartazes, pirulitos e palavras de ordem no intuito ampliar a visibilidade da greve junto à população.
Dedetização de última hora na reitoria
Por incomum “coincidência”, no dia do ato unificado (9), a gestão da UFF repentinamente marcou uma desinsetização de todos os andares da reitoria e prédios anexos, suspendendo as atividades presenciais. A medida foi divulgada na véspera da mobilização. Por razões óbvias, seria razoável que um trabalho desta natureza fosse realizado numa sexta-feira, já que a dedetização ocorreria sem funcionamento dos prédios nos dias posteriores. Apesar da suspensão das atividades presenciais dos setores vinculados diretamente à UFF, trabalhadores de empresas terceirizadas cumpriram expediente nas edificações da reitoria, o que torna mais peculiar e contraditória a decisão repentina em suspender o funcionamento do prédio.
A reitoria, nos últimos, dias tem mostrado empenho em publicar notas reticentes aos movimentos grevistas. A base de apoio do reitor no Conselho Universitário (CUV) atuou com veemência para evitar a suspensão do calendário acadêmico, com críticas ácidas e falas repreensivas sobre a greve. Neste contexto conflitoso, a reitoria atua de forma provocativa ao interromper o funcionamento do prédio apenas e justamente no dia da manifestação, enquanto em todos os outros dias opera pelo funcionamento de setores, ao argumentar essencialidade de inúmeros serviços e direito ao não exercício de greve.
Reitoria perde nova oportunidade de lutar pelo orçamento
Perde o reitor Antonio Claudio, nesta quinta-feira (9), uma oportunidade de receber e dialogar com os movimentos de greve e avançar conjuntamente na luta pela recomposição orçamentária. Esta é a real ameaça ao funcionamento da universidade e não a greve. Se hoje existe um movimento político capaz de disputar recursos do orçamento para as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) este é a greve unificada da Educação Federal.
Infelizmente, a reitoria parece se balizar pela visão estreita de sua base de apoio, cuja retórica ignora que o orçamento da UFF, na forma que se encontra hoje, está longe de ser suficiente para completar o ano letivo. Na sessão do CUV é irônico perceber muita combatividade contra a greve pelos setores ligados à reitoria, enquanto não somam, nem mesmo nas palavras, para pressionar o governo pela recomposição orçamentária. Numa conjuntura de cortes bilionários das verbas das IFES, quem verdadeiramente tem lutado por um funcionamento efetivo da UFF são os que paralisam suas atividades para aderir à greve.
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