O Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, não é apenas uma data simbólica, mas um chamado à luta contra a transfobia, a violência e o apagamento da população trans. Em um país que lidera há 15 anos o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans, falar em visibilidade é falar em sobrevivência e direitos.
A precarização da saúde pública afeta diretamente essa população, tornando urgente a ampliação dos ambulatórios especializados no SUS, a garantia do acesso a tratamentos hormonais e cirurgias de afirmação de gênero, e o combate à discriminação nos serviços de saúde. Saúde pública de qualidade não pode ser privilégio de poucos(as), é um direito de todos(as)!
A 2ª ‘Marsha’ Nacional pela Visibilidade Trans ecoa um grito incontornável: “Chega de genocídio trans e prostituição compulsória! Queremos direitos isonômicos!”. A falta de oportunidades empurra pessoas trans para a marginalização, e isso não pode ser tratado com naturalidade. Políticas públicas sérias devem garantir acesso à educação, trabalho e dignidade.
Os retrocessos não vêm só de dentro. O governo Trump, nos Estados Unidos, patrocinou ataques sistemáticos contra os direitos LGBTQIA+, influenciando políticas reacionárias ao redor do mundo. No Brasil, esse conservadorismo fortaleceu movimentos de extrema-direita que tentam barrar avanços e legitimar o preconceito. Mas a resistência coletiva tem dado respostas à altura.
Graças à luta organizada, as cotas para pessoas trans nas universidades foram ampliadas, chegando também à pós-graduação. A Universidade Federal Fluminense (UFF) avançou nessa pauta ao se tornar a primeira universidade federal do Rio de Janeiro a adotar cotas para estudantes trans na graduação e pós-graduação. A partir de 2025, 2% das vagas nos cursos de graduação serão reservadas para essa população, além da garantia de ao menos uma vaga em cada programa de pós-graduação. Essa conquista, fruto da mobilização do movimento trans e do diálogo com a gestão universitária, representa um passo importante na luta por equidade no acesso à educação.
Essas políticas afirmativas são ferramentas essenciais no enfrentamento das desigualdades históricas, promovendo a inclusão e transformando vidas. Além disso, ao garantir o acesso de pessoas trans ao ensino superior, essas iniciativas contribuem para mudanças estruturais ao incorporar vozes trans em espaços de produção de conhecimento e poder.
A visibilidade trans não é só uma palavra de ordem, mas uma afirmação de que essa população existe, resiste e exige direitos plenos. O SINTUFF segue na luta por uma sociedade sem discriminação, onde ninguém precise brigar pelo óbvio: o direito de viver com dignidade.

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