Em audiência, reitoria garante que não haverá corte de ponto por paralisação
- SINTUFF
- 3 de set.
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O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) enfrenta uma crise estrutural que atinge servidores(as), residentes e usuários(as). A rotina tem sido marcada pela escassez de insumos, sucateamento de setores, avanço das terceirizações e sobrecarga das equipes, agravada pela ausência de concursos públicos. Trabalhadores(as) também denunciam episódios recorrentes de assédio moral, desigualdade de tratamento entre contratados(as) da EBSERH e do Regime Jurídico Único (RJU), além de discrepâncias nos adicionais de insalubridade. Para a categoria, trata-se de uma opção política que prioriza vínculos terceirizados e uma visão empresarial de gestão em detrimento da valorização do serviço público e dos laços com a universidade, o ensino e a pesquisa.
Audiência tratou das pautas relativas ao HUAP
Os problemas relatados também estiveram no centro da audiência realizada em 1º de setembro, entre a reitoria, a gestão do HUAP e representantes do SINTUFF. O sindicato denunciou que chefias do hospital ameaçam registrar faltas em dias de paralisação, em contradição ao pacto firmado após a última greve. Ressaltou que “a escala de greve foi construída setor em setor”, preservando a segurança dos pacientes e o funcionamento mínimo do hospital. A reitoria respondeu que não pretende punir trabalhadores(as) e prometeu reforçar orientações internas para evitar cortes indevidos de ponto.
Atendimento via Serviço Médico da UFF
Outro tema sensível foi o atendimento de servidores(as) encaminhados pelo Serviço Médico da UFF. O sindicato apontou gargalos e a ausência de um fluxo claro para consultas e exames. “Em momento nenhum queremos furar fila do SUS”, frisaram os representantes, explicando que se trata apenas de garantir que os encaminhamentos tenham efetividade. A gestão reconheceu entraves, sobretudo em procedimentos de alta complexidade regulados por instâncias externas à administração do hospital, mas comprometeu-se: “até o dia 15 a gente faz os ajustes” no fluxo do Serviço Médico da UFF para o HUAP.
Falta de reposição de vagas
A sobrecarga de trabalho causada pela falta de reposição de vagas por aposentadorias também foi destaque. O SINTUFF alertou que o problema compromete o atendimento e adoece servidores(as). Em resposta, a reitoria afirmou que as vagas abertas no HUAP são automaticamente repostas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), responsável pelas contratações. Segundo a gestão, concursos para o quadro RJU só são possíveis em situações muito específicas, o que excluiria a maior parte das vagas existentes. O SINTUFF, por sua vez, cobrou que a reitoria solicite todas as vagas possíveis para o hospital e deixe a cargo do governo a decisão de acatar ou negar o pedido.
Discurso oficial versus realidade
Apesar desse quadro, o reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, declarou em vídeo institucional destinado a recepcionar os calouros que o HUAP “está cada vez melhor, só recebe elogio”. A fala causa estranhamento a quem conhece o cotidiano do hospital. Pelo contrário: multiplicam-se relatos de fechamento de serviços, falta de insumos, precariedade de elevadores, incêndios, infiltrações, desabamentos e condições de trabalho que comprometem a saúde física e mental das equipes, vários deles já noticiados pela imprensa.
Gestão com verniz de eficiência
Na visão do sindicato, o modelo de gestão do HUAP é voltado a metas e aparências, já denunciado desde a entrada da EBSERH em 2016. O contrato firmado com a universidade — que, segundo o ex-reitor Sidney Mello, já apresentava descumprimentos em 2018 — não tem revertido os problemas estruturais. Ao contrário: tem produzido acúmulo de funções, fechamento de setores e deterioração progressiva das condições de trabalho.
Mobilização para defender o HUAP
Diante desse cenário, a categoria aprovou em reunião setorial a intensificação da campanha por concurso público RJU, contra qualquer corte de ponto em paralisações, a revisão das terceirizações e melhorias urgentes em questões como o fornecimento de água e a refeição noturna para trabalhadores(as). A avaliação é de que somente a mobilização coletiva pode frear o sucateamento e defender o caráter público e universitário do HUAP.
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