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Quarentena e trabalho remoto: a obsessão do reitor pelo controle eletrônico em meio à pandemia


Em meio a uma crise mundial de pandemia, a reitoria da UFF se esforça em criar obstáculos, dificuldades e novas dores de cabeça aos servidores servidores técnico-administrativos. A novidade é a Instrução de Serviço nº 006/2020 da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas que obriga os servidores em trabalho remoto a preencher um formulário solicitando abono de faltas por estarem em serviço externo. A pergunta é: para que? Trata-se de uma burocracia completamente desnecessária, uma exigência estúpida e inadequada, que responde apenas à obsessão do reitor com o controle eletrônico de frequência e ao interesse do governo em recolher dados para cortar benefícios.

Em meio a uma pandemia tão grave, era de se esperar que o reitor, que é médico, estivesse absolutamente obstinado para que a UFF fosse uma das universidades na vanguarda das descobertas científicas no combate ao coronavírus. O reitor deveria estar gastando todas as suas energias para que o Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) apresentasse condições de trabalho, segurança, equipamentos de proteção e insumos para garantir o atendimento ao público. Infelizmente a realidade é outra. A grande preocupação do reitor Antonio Claudio da Nobrega é que o servidor da UFF preencha eletronicamente um formulário todos os dias para ter suas “faltas” abonadas no sistema de controle eletrônico, sendo que os trabalhadores não estão se ausentando e sim dispensados do trabalho presencial por uma decisão institucional.

Que sentido tem o servidor solicitar abono de “falta” justificando serviço externo, quando o trabalho remoto é uma medida institucional adotada pelo conjunto da UFF? Por que o servidor deve todos os dias justificar algo que é decisão da própria universidade, com base em normas que vigoram em todo o país? Por que esse tipo de medida é imposta somente aos técnico-administrativos?

E se o servidor não dispor de acesso à internet, se a sua residência ou local de quarentena for em uma região sem rede? A reitoria vai ordenar corte de salário desse servidor que está em casa devido a uma pandemia e a uma decisão institucional?

A UFF pode alegar que os técnico-administrativos estão em trabalho remoto e por esse motivo tem que formalizar o pedido do abono. Mas por que apenas os técnico-administrativos? E as centenas de servidores cujo os cargos não permitem o trabalho remoto, como isso vai constar no sistema eletrônico? E quem não dispor de computador pessoal, a reitoria vai impor o trabalho presencial, contrariando a quarentena e fazendo coro com os negacionistas da ciência?

O esforço pessoal de cada servidor em manter as atividades da universidade e os serviços essenciais remotamente não pode ser confundido com permissão para abuso de poder e normas sem finalidade, com o único intuito de assediar trabalhadores. É absolutamente humilhante ter que todos os dias justificar algo que é absolutamente óbvio.

A reitoria ao lado de um governo que odeia a ciência

Os trabalhadores estão vivendo uma angustiante situação durante o isolamento social, de estresse pelo confinamento, medo e incertezas sobre o próprio futuro e o do país. Futuro esse ainda mais ameaçados pelos abutres que governam o país, atacam direitos, negam o isolamento social e a ciência. Um governo que cria uma falsa dicotomia entre salvar vidas e a economia, mas se recusa a retirar recursos dos juros da dívida aos banqueiros para garantir verbas para saúde pública e os auxílios sociais à população durante a quarentena.

O SINTUFF lamenta que em meio a uma crise mundial sem precedentes o reitor esteja focado em algo completamente desnecessário e supérfluo, que serve somente para facilitar a vida do governo, que pretende usar essas informações para cortar rubricas e reduzir benefícios dos técnico-administrativos. Assim utilizam a situação compulsória de quarentena dos trabalhadores para retirar direitos. Mais uma vez o reitor se empenha em agradar e bajular um governo inimigo da universidade pública e da ciência.

O Departamento Jurídico do SINTUFF está estudando providências que podem ser tomadas para desmontar essa medida da reitoria e já preparou um requerimento administrativo direcionado à PROGEPE, questionando a Instrução de Serviço. Há ainda a possibilidade de uma ação judicial.

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