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HUAP e Covid-19: o que o reitor diz novamente não condiz


Recentemente o reitor Antonio Claudio da Nobrega compartilhou nas redes sociais uma mensagem referente a um mês completo desde o primeiro caso registrado de coronavírus no Brasil. Em tom polido e emocionado, o reitor afirma que a “nossa universidade está mergulhada de cabeça nesse desafio mundial de enfrentamento de uma doença muito contagiosa”. Corretamente, Antonio Claudio defende o distanciamento social é a melhor estratégia de combate à pandemia. Contudo, as ações da reitoria e da direção do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) ao longo desse período têm caminhado na direção oposta ao que o reitor afirma no vídeo.

Quando o isolamento social se demonstrava uma realidade iminente, com espetáculos esportivos realizados já sem público, desmarcação de inúmeros eventos, e números assombrosos de mortes na Itália, o reitor relutava em adotar as necessárias medidas para fortalecer o distanciamento. Após enfim adiar o começo das aulas, a reitoria esticou ao máximo possível o trabalho presencial dos técnico-administrativos. Em Instrução Normativa, mesmo com a dispensa de estudantes e docentes, a reitoria ainda tentava a todo custo manter a normalidade de serviços não essenciais da universidade através de regime de turnos a serem cumpridos (somente) pelos técnico-administrativos, burocratizando ao máximo o acesso ao trabalho remoto. O reitor somente desistiu de suas ideias após denúncias do sindicato, com ofícios e notas públicas, e ao ver que a prefeitura de Niterói e o governo do Estado endureceriam as medidas de isolamento social, deixando-o sem opção.

O HUAP não está preparado para a guerra contra o vírus, longe disso

Em nome da gestão, o reitor afirma estarem "trabalhando muito duro" no sentido da mitigação da pandemia e “em apoio aos profissionais do Hospital Universitário Antonio Pedro”. No vídeo, Antonio Claudio garante que o HUAP como hospital de alta complexidade encontra-se “preparado com mais de 30 leitos específicos” direcionados a pacientes graves contaminados por coronavírus. O HUAP em sua história já teve cerca de 400 leitos e era um hospital de referência da região. O sucateamento por parte dos governos e as más gestões por indicação da reitoria levaram ao trágico fechamento da Emergência, que atualmente só atende de forma referenciada. Em 2019, o Conselho Regional de Medicina do Rio (CREMERJ) notificou a unidade pela ausência de setor de acolhimento e classificação de risco, o que é preconizado pelo Ministério da Saúde. O CREMERJ salientou que a Emergência, mesmo restrita desde 2008, estava superlotada, com pacientes internados no corredor. Esse é o quadro do hospital que o reitor afirma estar preparado para o combate ao coronavírus com míseros 30 leitos diante de uma pandemia de proporções catastróficas.

Um hospital que só existe na imaginação do reitor

Antonio Claudio em sua mensagem audiovisual glorifica sua gestão pela aquisição e desenvolvimento de equipamentos de proteção individual para os servidores da UFF que atuam no HUAP. Impressiona, como novamente o reitor produz falácias e inverdades de forma tão natural. A realidade descrita pelo reitor é de um hospital que só existe em sua mente contaminada de rancor pelos servidores da UFF. Os relatos dos servidores do HUAP apontam que apenas médicos e enfermeiros receberam seus EPIs e possivelmente nem todos. Todos os demais profissionais, entre eles todo corpo técnico do setor de Enfermagem, não receberam seus EPIs e estão sob forte ameaça de contaminação. O SINTUFF ingressou com ação e a Justiça deu um prazo de cinco dias para a UFF providenciar todos os EPIs, evidentemente porque eles não estão sendo fornecidos pela instituição.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), gestora do HUAP, tem mantido o trabalho presencial de forma arbitrária aos servidores que compõem o grupo de altíssimo risco, contrariando todas as normas de combate à pandemia em vigor. Um dos itens da citada decisão judicial obtida pelo SINTUFF obriga a gestão do HUAP e a reitoria a liberarem imediatamente todos servidores do grupo de altíssimo risco mediante autodeclaração. A decisão determina que UFF e EBSERH apreciem com urgência todos os pedidos do amplo grupo de risco, direcionando esses servidores a áreas de menor grau de risco de contaminação por Covid-19 inicialmente e ao trabalho remoto em um prazo de quinze dias.

Descumprimento do contrato e extravio de vagas, o resultado da parceria entre reitoria e EBSERH

Após quatro anos no comando do hospital, a EBSERH não cumpriu as centenas de contratações e inúmeras outras cláusulas previstas no contrato com UFF, com total cumplicidade da reitoria. Além disso, a reitoria extraviou centenas de vagas de concurso público decorrentes da aposentadoria de servidores do HUAP, esvaziando de forma dramática o quadro de pessoal da unidade. Sendo assim, a maioria dos servidores é antiga no quadro, encontra-se em faixas etárias mais avançadas e acumula problemas de saúde decorrentes das péssimas condições de trabalhos e da idade.

A entrega da gestão do HUAP à EBSERH, promovida por este grupo político que dirige a reitoria, está levando o hospital à falência. A realidade é que o HUAP não tem hoje condições reais de dar contribuição significativa no combate à pandemia. Ao contrário, hoje o HUAP é na prática muito mais um ponto de contaminação do que de combate ao coronavírus. Se não há EPIs e quadro de pessoal fora dos grupos de risco suficiente para atender a demanda, é necessário refletir até mesmo se o HUAP deve atender casos de Covid-19, sob pena de piorar a situação ao invés de ajudar a controlá-la.

Menos propaganda, mais ação

Ao fim do seu vídeo, o reitor chama a comunidade universitária a sentir orgulho pelas supostas ações promovidas por sua gestão. Não, “magnífico” reitor! Não há nenhum motivo para se orgulhar da forma como a reitoria e gestão do HUAP vem conduzindo a crise gerada pela pandemia. Muito pelo contrário.

Em vez de fazer propaganda, o reitor Antonio Claudio precisa atuar para cumprir a decisão judicial, liberando os servidores do grupo de altíssimo risco do HUAP, apreciando com urgência todos os demais pedidos do grupo de risco e fornecendo os EPIs a todos os que atuam no hospital, sob pena da UFF ser diariamente multada. Se algum servidor no exercício do trabalho vier a óbito, o reitor, o superintendente da EBSERH e demais gestores que vêm adotando as recentes más decisões serão devidamente responsabilizados.

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