Em sua campanha à reeleição, o reitor Antonio Claudio da Nóbrega anunciou “o fim do ponto eletrônico”. Essa propaganda causou grande repulsa por tratar-se de informação falsa que visava confundir a comunidade universitária. Não existe nenhuma norma ou portaria da reitoria extinguindo o ponto eletrônico. A indignação é maior pelo cinismo do anúncio pois foi o próprio reitor que fez a opção pelo odiado ponto biométrico, abrindo mão de buscar qualquer outro modelo mais barato e flexível.
A campanha de Antonio Claudio se baseia em tentar enganar os técnico-administrativos de forma permanente com supostas “soluções” para problemas que ele mesmo criou. A resposta se deu nas urnas com 72% dos votos em chapas que rechaçavam o ponto biométrico e denunciavam a notícia falsa do “fim do ponto eletrônico”. É bom frisar que parte do eleitorado do reitor entre os técnicos é formado por pessoas dispensadas da famigerada biometria, seja pela ocupação de cargos que lhes dispensam dessa obrigatoriedade, seja pela cordialidade de gestores em abonar o ponto no sistema quando se trata de um aliado político.
A chapa do reitor mentiu. Não acabou o ponto eletrônico e nem o biométrico
O controle eletrônico de frequência não acabou. Infelizmente a decisão judicial, provocada por Tarcísio Rivello (superintendente da EBSERH e apoiador da chapa do atual reitor), segue vigente. Mesmo os servidores que conseguem aderir ao Programa de Gestão e suas metas precisam registrar frequência no sistema Velti.
Aos que não querem ou não conseguem aderir ao Programa de Gestão, continua a existir o ponto biométrico ou, em alternativa, um controle extremamente burocrático vinculado ao sistema de internet da UFF, com ostensiva vigilância pelas chefias.
O fato da reitoria ter estendido o controle eletrônico de frequência pelo Velti por mais um mês, de forma a atender o período eleitoral, mostra que não é necessário cobrar ponto biométrico ou qualquer modelo burocrático que promova assédio e constrangimento ao servidor. Essa é uma opção política da reitoria, já que a sentença judicial não determina qual sistema deveria ser adotado.
Biometria violenta desnecessariamente os cofres da UFF
A reitoria nunca se manifestou, de forma pública e transparente, sobre as despesas decorrentes do ponto biométrico, assim como sobre a origem dos recursos para cobrir esses gastos. Dessa maneira, somente resta tentar por meio de pesquisa aglutinar os fragmentados dados existentes nos sistemas de prestação de contas da UFF e do governo federal.
Entre dezenas de documentos com valores relativos a empenhos, liquidações e pagamentos, a título de “reforço para atender despesas orçamentárias com ponto eletrônico” em um único tópico encontramos o valor de R$ 133.920,00 a título de empenho em favor da Henry Equipamentos Eletrônicos e Sistemas LTDA. Há vários documentos de pagamento a essa mesma empresa referentes a serviço de suporte técnico em informática dos equipamentos de ponto eletrônico na faixa dos 15 mil reais. Um contrato de manutenção dos aparelhos prevê despesa anual de R$ 200.880,00. Estes são apenas alguns dos custos, em valores elevados, dentre inúmeros outros dispostos de forma fracionada.
A UFF enfrenta bloqueios orçamentários graves, atraso de bolsas estudantis, graves problemas de manutenção de prédios e equipamentos, falta de pessoal para asseio e conservação. É grave que a universidade, tendo uma ampla Superintendência de Tecnologia da Informação, disponha de valores tão expressivos com aquisição de equipamentos, manutenção e software para o controle eletrônico de frequência.
Esse volume de despesas fica mais estranho quando a reitoria, às vésperas da eleição, anuncia um controle de frequência alternativo, ainda que igualmente burocrático. O desespero eleitoral da reitoria em buscar alternativas à biometria somente comprova duas coisas. A primeira e óbvia é que a decisão judicial que obriga a UFF a instituir o ponto eletrônico não obrigava Antonio Claudio a adotar o modelo biométrico. A biometria foi opção política do reitor. A segunda comprovação é que os gastos com a biometria violentam desnecessariamente os cofres da UFF, visto que outro modelo mais barato e flexível, feito de forma interna, poderia ser adotado.
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