
Após a imprensa noticiar que a posse do reitor eleito Antonio Claudio Nobrega estava sob risco de não ocorrer e que um dos motivos seria o apoio que recebeu das militâncias do PT e do PCdoB na eleição, na manhã de quarta-feira, 21 de novembro de 2018, foi publicado o decreto com sua nomeação.
Nomeação é avanço democrático
É um avanço democrático que a posse do reitor eleito tenha sido garantida, afastando o temor da nomeação de um interventor, num cenário de um governo autoritário, repressor e privatista como o de Bolsonaro.
Apesar de vencer a eleição, a chapa eleita foi amplamente rejeitada pelo segmento dos técnico-administrativos, categoria representada pelo SINTUFF. Provavelmente teria ainda menos votos, o que dificultaria ou impediria sua vitória, caso não tivesse prometido respeitar “radicalmente” as decisões da comissão das 30 horas”, compromisso já descumprido imediatamente após a eleição.
A despeito disso, o SINTUFF entende que em defesa da autonomia universitária, do resultado da eleição e contra o autoritarismo, a posse de Antonio Claudio é uma vitória da democracia da universidade. Preocupa, contudo, o fato do reitor eleito não ter se pronunciado publicamente em nenhum momento sobre a ameaça de sua não posse, restringindo a batalha pela sua nomeação aos bastidores. O SINTUFF estaria defendendo radicalmente, com mobilização e chamado à unidade, a posse do reitor eleito caso a ameaça de não ser nomeado avançasse.
Vitória eleitoral não é cheque em branco
A eleição para nenhum cargo eletivo é um cheque em branco. Haverá cobrança. Antonio Claudio prometeu radicalidade em defesa das 30 horas. O que se vê é o inverso. Não há nenhuma radicalidade do reitor em defesa de um direito dos servidores que persiste há mais de três décadas. O novo reitor, repetindo o antecessor, apresenta uma série de argumentos supostamente jurídicos que não correspondem ao que está escrito na legislação, apresentando alegações escoradas numa atuação política e direcionada junto aos órgãos de controle, ignorando jurisprudências e inventando interpretações sem base existente no texto da lei. Cada dia fica mais evidente que o reitor quer dividir a categoria entre quem trabalha 30 e quem trabalha 40 horas, o que irá disseminar o assédio moral, o poder de chantagem das chefias e o uso político da carga horária.
Esperamos que a partir de sua nomeação, Antonio Claudio mude a sua postura e cumpra o que prometeu na campanha. Se acovardar de forma conveniente diante de um documento do TCU referente a 2016, e que em nada se refere ao texto elaborado pela comissão em 2018, não é defesa radical das 30 horas. Queremos que o reitor cumpra sua palavra e defenda RADICALMENTE as decisões da comissão de 30 horas, dissolvida pelo seu antecessor, garantindo 30 horas para o conjunto dos servidores da UFF.